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  • A última carta

    10 de mar. de 2011
    Essa foi a última carta que eu lhe escrevi, exatamente como era, e eu não pude lhe entregar. Essa não poderá ser rasgada ou queimada, mas, assim como as outras, espero que você a guarde em seu coração. 


    Eu te odeio com todas as minhas forças, sabia? Odeio como você faz com que eu trema todas as vezes que chega uma mensagem sua. Odeio como você me pede pra entrar no msn como se fosse algo urgente, odeio seu sotaque que me deixa completamente boba. Odeio suas risadas, suas gargalhadas e como eu consigo ver se você está sorrindo quando falamos ao telefone. Odeio quando você diz que sente minha falta. Odeio absurdamente quando você diz que quando a gente se ver, vamos fazer algo. Odeio como meu coração bate mais forte só de imaginar nós duas ocupando o mesmo metro quadrado. Odeio saber que você vai ser a próxima pessoa a encostar neste papel, e eu não poderei ver você fazendo isso. Odeio saber que você ficou feliz, aflita e angustiada ao receber essa carta. Odeio saber que seu coração disparou ao ver minha letra escrita no envelope. Odeio me lembrar que sua mãe viu antes de você esse envelope, e odeio lembrar que eu ainda acho que ela não gosta de mim. Odeio você ter revirado os olhos ao ver que eu disse que sua mãe não gosta de mim. Odeio saber que você vai guardar esse papel junto com mil outras cartas de ex namoradas. Odeio saber que você vai reler as outras cartas que eu já te escrevi, vai olhar pra nossa aliança, vai pensar em tudo que passamos, e vai deduzir que mesmo que eu tenha mudado muito, continuo a mesma boba apaixonada de sempre. Odeio saber que você vai sorrir quando lembrar-se da minha gargalhada histérica e como você me mandava rir mais baixo. Odeio entender que você precisa de carinho, proteção e alguém que diga que te entende e te aceita exatamente como você é. Odeio compreender o quanto você é frágil, delicada e sutil, por baixo de todas essas camadas de garota mal encarada. Odeio Estar temendo enquanto escrevo isso, e, portanto, minha letra estar uma merda. Odeio saber que você riu com a última frase. Odeio seu abraço, seu cheiro, seu beijo e seu toque, que me deixaram desorientada e ainda queimam em minha pele. Odeio o modo como você me chama de boba, e como sua voz parece de uma criança de 5 anos quando diz isso. Odeio a forma como você trata suas sobrinhas, e como você é doce com elas, me fazendo imaginar como você seria com nossos filhos. Odeio ter sonhado junto com você como seriam nossa casa e nossos filhos. Odeio a forma que meus olhos encheram de lágrimas ao lembrar-me disso, e o aperto no coração que eu e você sentimos agora. Odeio ter escrito na folha do pequeno príncipe só pra te agradar, e de caneta, porque sei que você não gosta que escrevam à lápis. Odeio a forma como sonho com você todos os dias e o medo que tenho de te perder pra sempre. Odeio estar certa de ir praí mesmo que seja só pra te ver de longe, tendo apenas a certeza de que você é real, e não só um sonho. Odeio estar de passagens compradas e o coração na mão. Odeio a forma como você muda de idéia a cada segundo, mesmo sabendo que no seu coração a idéia ainda é a mesma. Odeio as vezes sentir como se parasse no tempo, e nada mais fizesse sentido, só porque não falei com você. Odeio a forma como você me cativou, mesmo que você tenha cativado tantas outras, sem saber que eu te cativei também. Odeio quando ouço você chorar, sem poder acolher sua cabeça no meu peito e secar todas as suas lágrimas, mesmo que tivesse que fazer piadas toscas e falar coisas idiotas. Odeio como você me entende do começo ao fim e odeio não conseguir compreender tanto você, apesar de sentir tudo que você sente, e parecer que meu coração bate no mesmo compasso que o meu. Odeio como isso pareceu clichê e copiado de qualquer lugar. Odeio estar escrevendo uma carta pra você. Odeio como minha letra está feia e odeio saber que vou colar o adesivo do ‘tu se torna eternamente responsável por aquilo que cativas’ e nunca mais vou vê-lo na vida, apesar de colecionar todos os meus adesivos de caderno desde a quarta série. Odeio ter escrito isso e odeio você estar rindo disso agora. Odeio contar pra você todos os meus segredos, e odeio como você consegue transmitir paz pra mim com apenas um olhar. Odeio correr o risco de essa carta chegar aí exatamente num dia em que a bruna esteja na sua casa, e odeio a hipótese de alguém, além de você, ler essa carta. Odeio ter passado mais de um ano da minha vida completamente apaixonada, e ter procurado inutilmente sentir com outras pessoas as mesmas sensações que senti com você. Odeio estar pensando que se um dia eu for famosa, essa carta e todas as outras vão parar na mídia e todos vão saber o quanto eu sou bobinha, apaixonada e retardada. Odeio saber que mais uma vez você está sorrindo. Odeio que o seu sorriso faça com que meu coração bata mais forte e faça meu estomago embrulhar. Eu odeio você, e eu odeio completa e infinitamente a forma como eu te amo.  Eu te amo e amo tudo que se relaciona a você. 

    ''Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.''

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