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  • 5 de dez. de 2010
    Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito?
    C.F.A
    Bem assim mesmo. Chega um ponto que a alma não agüenta mais ser abusada, sofrida e doída, e sem que a gente peça, ela simplesmente some. Não é algo que se controle, é meio que automático esse acontecimento. Acredito eu que um dia a alma volte, afinal ela sente falta de ter um lar, né? E a gente sente falta de ter uma alma, também. Mesmo que diga que é ótimo não sentir, não amar, não desejar e não querer, a gente sente falta, ainda. Mesmo com esse órgão aqui dentro servindo só pra levar sangue pro corpo, às vezes ele me aperta, querendo lembrar  “ei! Eu to aqui e quero amar, ok?” ; Mas olha, coração, seu pedido não vai ser realizado tão cedo...

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