Porque você
22 de set. de 2010
não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo.
Everybody changes. Odeio quando as pessoas me dizem "ah, você mudou" , "nossa, como você tá diferente". É claro que eu tô diferente. Tem gente que fica sei lá, meses sem conversar, e vem me dizer que eu não sou mais a mesma. Porque né? A gente tá em constante mudança, não dá pra ficar parado no tempo, mesmo que deseje isso. Eu até que consegui permanecer a mesma por um bom tempo parada, vazia, fria. Era bom, até. Fácil. Não sentir, não se emocionar, não doer, não amar. Ah, era tão melhor não sentir. Mas não queria essa vida de volta. Porque é bom sentir o sangue correndo pelas veias, é bom sentir as bochechas ficando vermelhas de timidez, é bom sentir as coisas girando com o álcool, é boa a sensação de ser abraçada, tocada.
Ah! quem me dera se fossem somente coisas boas, como gostaria que fosse simples assim, só a alegria de sentir. Porque sentir também dói. Dói tanto por dentro que chega a ser dor física as vezes. O estômago embrulhando, os olhos se enchendo como pequenos rios de aguas límpidas, e a já tão conhecida sensação do coração sendo partido em mil pedaços. Mas nem dessa parte eu me livraria, a troco de não sentir mais nada.
"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."
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